quinta-feira, 5 de março de 2009
quarta-feira, 4 de março de 2009
Tim Maia Racional "Quase 40tão"
“Não havendo energia racional deformada, não há micróbio, não havendo micróbio não haverá vida”. Essa era apenas uma das impenetráveis máximas estampadas na capa de Tim Maia Racional Volume 1, gravado em 1974, que circulou em 1975, vendido em shows do cantor, mas também pelos fiéis em sinais de trânsito e outros pontos inusitados.
Era o disco que (junto com o Volume 2) marcava a efêmera, porém intensa, conversão de Tim Maia à seita Racional Superior, do guru Manoel Jacintho, acantonado numa casa em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
Deveria ser o álbum duplo da estréia do Grão-Mestre do Soul Brasil na “major” RCA, após ruidoso rompimento com a Polydor (hoje Universal), que o lançou para o sucesso em 1970.
Só que a gravadora de matriz americana não quis encampar aquele estranho ideário, que pregava a imunização racional e o posterior resgate pelos discos voadores. Não houve litígio. Um Tim Maia inacreditávelmente careta, de cabelos curtos e sensato, propôs “o cancelamento do contrato e a compra das dez fitas já gravadas com dinheiro dado por Manoel Jacintho”, como relata Nelson Motta na biografia Vale tudo: O Som e a Fúria de Tim Maia (Editora Objetiva, 2007).
O próprio Tim mandou prensar as cópias que distribuiria e venderia através do pioneiro selo “indie” Seroma (iniciais de Sebastião Rodrigues Maia, seu nome completo).
Só uma entidade sonora capaz de musicar até catálogo telefônico explica que o disco repleto de pregações caóticas se transformaria em “cult”, disputado a tapa nos sebos, trinta anos depois.
Era o disco que (junto com o Volume 2) marcava a efêmera, porém intensa, conversão de Tim Maia à seita Racional Superior, do guru Manoel Jacintho, acantonado numa casa em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
Deveria ser o álbum duplo da estréia do Grão-Mestre do Soul Brasil na “major” RCA, após ruidoso rompimento com a Polydor (hoje Universal), que o lançou para o sucesso em 1970.
Só que a gravadora de matriz americana não quis encampar aquele estranho ideário, que pregava a imunização racional e o posterior resgate pelos discos voadores. Não houve litígio. Um Tim Maia inacreditávelmente careta, de cabelos curtos e sensato, propôs “o cancelamento do contrato e a compra das dez fitas já gravadas com dinheiro dado por Manoel Jacintho”, como relata Nelson Motta na biografia Vale tudo: O Som e a Fúria de Tim Maia (Editora Objetiva, 2007).
O próprio Tim mandou prensar as cópias que distribuiria e venderia através do pioneiro selo “indie” Seroma (iniciais de Sebastião Rodrigues Maia, seu nome completo).
Só uma entidade sonora capaz de musicar até catálogo telefônico explica que o disco repleto de pregações caóticas se transformaria em “cult”, disputado a tapa nos sebos, trinta anos depois.
Em Aquele Frevo Axé (1998), Gal Costa regravou uma das músicas (Que beleza), de refrão irresistível, também entoado pelo Monobloco, em 2002.
Com a voz limpa e mais magro, por conta da alimentação saudável; uma das obrigações dos devotos superiores, Tim dá show de bola nos dois Volumes da Fase Racional.
Com a voz limpa e mais magro, por conta da alimentação saudável; uma das obrigações dos devotos superiores, Tim dá show de bola nos dois Volumes da Fase Racional.
Link: http://lix.in/-41b62a
segunda-feira, 2 de março de 2009
Quando Miguel de Deus fez história
1. Cinco Anos
2. Pedaços
3. Mister Funk
4. Flaca Louca
5. Black Soul Brothers
6. Lua Cheia
7. Pode se Queimar
8. Fábrica de Papéis
Download do disco na Íntegra: http://lix.in/-42dde3
Em meados dos anos 1970, surgiu um grande movimento de promoção a música negra americana e de desenvolvimento de uma soul music tipicamente brasileira. Esse movimento era capitaneado pelas gravadoras, em particular pela WEA, CBS e Phonogram, que percebiam na música negra um filão comercial a ser explorado. Seu nome surgiu antes mesmo de explodir: Black Rio. Essa impressão veio de um fenômeno que, guardadas as diferenças, continua vivo e forte até hoje: a proliferação de bailes na periferia, cujo carro-chefe era o soul, trazendo milhares de jovens aos salões de clubes nos finais de semana. O movimento Black Rio tinha nomes como Toni Bizarro (da dupla Tony e Frankye), Gerson Combo (antes Gerson Cortes, agora “King”) e Cassiano, vindos do boom soul do começo dos anos 70, mesclados a nomes como Lady Zu e Carlos Dafé, além de bandas como União Black, de Rui Combo, e Banda Black Rio, de Oberdan Magalhães. Uma das características do movimento, ao contrário do que se via no funk americano, era a sua despolitização. “O que os blacks querem é dançar e curtir muito soul”, dizia Gerson King Combo em seus “Mandamentos black”. E dentro desse molho estava Miguel de Deus, um baiano que, recém-chegado da Argentina, fez um dos discos mais cultuados do movimento, o eletrizante Black Soul Brothers. Miguel apareceu na cena junto com Os Brazões, conjunto formado no final dos anos 60 para acompanhar a trupe tropicalista, em especial as turnês de Tom Zé e Gal Costa. Nessa época, lançaram seu único disco (ouvi falar que tem uma trilha sonora de uma chanchada, mas que não foi lançada), com interpretações de Tom Zé, Jorge Ben, Toquinho, Gil e outros. Em 1973 voltou com seu Assim assado, que segundo o próprio Miguel, era mais um caça-níquel em torno da explosão dos Secos & Molhados naquele ano. Logo depois, embarcou para a Argentina - reza a lenda que foi passar três dias e ficou três anos. Na volta deu de cara com uma cena black fortíssima, os bailes levando milhares aos salões todo fim de semana e as gravadoras procurando artistas com influência soul. Black Soul Brothers nasceu em São Paulo a partir da reunião de um cast violento por parte do selo Underground. Entre os artistas convocados brilhavam Willie Werdaguer e Dirceu Batera; direção do trompetista José Roberto Branco, que assinou os arranjos, e produção de Paulo Rocco e do hitmaker Mister Sam. Importante também ressaltar a presença de um dançarino, que participou na faixa “Mister Funk” e que é história viva da cultura black dos anos 70 pra cá: Nelson Triunfo. De resto, o disco é uma mistura de letras malucas, atitude black e um acompanhamento musical impecável, que caminham juntos por suas oito faixas. Frases como “Fazem cinco anos que você saiu de casa, e eu não sei se você está vivo” (“Cinco anos”) ou “Flaca louca, me fez esperar na matinê” (“Flaca louca”) cantadas em um estilo malandro, despojado. A faixa-título do LP, um funk uptempo com referências disco hoje é uma das preferidas dos b-boys mundo afora. Clemente Miguel de Deus foi da bossa nova pro tropicalismo, pra vanguarda teatral, pra black music, pra MPB, pro frevo, pro pagode. Tentou propor um movimento de valorização dos músicos sem gravadora nos anos 80 por meio de shows em bares. Experimentou o ostracismo, agravado por problemas de saúde. Deixou-nos em julho de 2008, justamente no mês em que ele e os Black Soul Brothers foram homenageados com um show-tributo, originalmente com sua participação. No show, o disco na íntegra, executado pela banda Soul na Goela, de Campinas. No palco, só faltava um...
>> PARA ENTENDER MAIS :: LeiaNada será como antes – MPB nos anos 70, de Ana Maria Bahiana Livro escrito no calor dos anos 70 e que junta matérias lançadas na década na grande imprensa, feito por uma jornalista competente e bem-informada. Em “Enlatando Black Rio”, uma análise nua e precisa dos fatos, somada às histórias de bastidores – quem sabia que a Banda Black Rio era pra ser a banda de Luiz Melodia à época do seu LP Maravilha contemporâneas? Pra ler enquanto o avião atrasa. :: OuçaMaria Fumaça, da Banda Black RioPrincipal disco do movimento e um dos melhores discos dos anos 70 no Brasil, mistura JB’s, Edu Lobo e gafieira na procura do soul brasileiro. Capitaneado pelo grande saxofonista Oberdan Magalhães (pai do atual líder da banda) e com nomes do quilate de Cristóvão Bastos, Jamil Joanes e Cláudio Stevenson. Discoteca básica! Gerson “King” Combo, de Gerson “King” ComboGerson Combo, no caldeirão da Black Rio, era quem tinha mais influência do que era feito nos Estados Unidos. Alguns anos antes, fora dançarino do James Brown nos EUA, onde fez o curso completo. Voltou pra ser um dos maiores nomes do movimento, e está na ativa até hoje, com sua luxuosa capa de lantejoulas.
Texto: DJ Paulão - Retirado do site http://www.gafieiras.com.br/
>> PARA ENTENDER MAIS :: LeiaNada será como antes – MPB nos anos 70, de Ana Maria Bahiana Livro escrito no calor dos anos 70 e que junta matérias lançadas na década na grande imprensa, feito por uma jornalista competente e bem-informada. Em “Enlatando Black Rio”, uma análise nua e precisa dos fatos, somada às histórias de bastidores – quem sabia que a Banda Black Rio era pra ser a banda de Luiz Melodia à época do seu LP Maravilha contemporâneas? Pra ler enquanto o avião atrasa. :: OuçaMaria Fumaça, da Banda Black RioPrincipal disco do movimento e um dos melhores discos dos anos 70 no Brasil, mistura JB’s, Edu Lobo e gafieira na procura do soul brasileiro. Capitaneado pelo grande saxofonista Oberdan Magalhães (pai do atual líder da banda) e com nomes do quilate de Cristóvão Bastos, Jamil Joanes e Cláudio Stevenson. Discoteca básica! Gerson “King” Combo, de Gerson “King” ComboGerson Combo, no caldeirão da Black Rio, era quem tinha mais influência do que era feito nos Estados Unidos. Alguns anos antes, fora dançarino do James Brown nos EUA, onde fez o curso completo. Voltou pra ser um dos maiores nomes do movimento, e está na ativa até hoje, com sua luxuosa capa de lantejoulas.
Texto: DJ Paulão - Retirado do site http://www.gafieiras.com.br/
Download do Disco na Íntegra: http://lix.in/-42dde3
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